Por meio dos embargos de declaração, as defesas dos réus tentam esclarecer pontos considerados confusos, contraditórios ou omissos nos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O principal foco é o julgamento que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, por envolvimento em atos golpistas relacionados ao dia 8 de janeiro de 2023.
Os advogados do ex-presidente alegam que o processo violou o direito de defesa, baseou-se em uma delação premiada contraditória do tenente-coronel Mauro Cid e cometeu erros jurídicos na fixação das penas. Segundo a defesa, o STF não teria competência para condenar Bolsonaro pelos eventos que ocorreram após o término de seu mandato e sua saída do país.
A defesa reforçou ainda que a menção aos fatos de 8 de janeiro teve como objetivo ligar o ex-presidente à incitação coletiva de crimes, o que consideram uma interpretação forçada. Foram citados seis trechos do voto divergente do ministro Luiz Fux, que argumentou que Bolsonaro se opôs às ações golpistas e desautorizou seus apoiadores.
Ponto Central: Omissões e Cálculo das Penas
De acordo com os advogados, o acórdão deixou de considerar pontos essenciais do voto divergente, o que caracteriza uma omissão relevante e violação ao dever constitucional de fundamentação. Outro ponto questionado é o cálculo da pena de 27 anos, considerado sem clareza quanto ao peso de cada circunstância agravante.
A defesa também pediu que o STF reconheça a absorção do crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito pelo crime de golpe de Estado, por se tratarem, segundo eles, de fatos idênticos. Se o pedido for aceito, a pena de Bolsonaro pode ser reduzida.
Outras Defesas Também Contestam o Julgamento
Braga Netto : Condenado a 26 anos de prisão, o ex-ministro da Defesa também teve sua defesa questionando a forma como o julgamento foi conduzido. Os advogados alegam falta de tempo hábil para análise das provas e suspeição do ministro Alexandre de Moraes.
Anderson Torres: A defesa do ex-ministro da Justiça, condenado a 24 anos, pediu que os embargos sejam tratados como infringentes, com o objetivo de reverter a condenação. Segundo os advogados, não há impressões digitais de Torres na chamada “minuta do golpe”, e o documento apreendido seria público e diferente do discutido em reuniões.
Alexandre Ramagem: O ex-diretor da Abin e atual deputado federal do PL, condenado a 16 anos, busca redução da pena e manutenção do cargo de delegado da Polícia Federal. A defesa argumenta que ele não participou diretamente dos atos e que o material considerado criminoso — críticas às urnas — era público e amplamente divulgado.
Almir Garnier e Generais do Exército
A defesa do almirante Almir Garnier, condenado a 24 anos, afirmou que não ficou claro qual foi a participação efetiva do ex-comandante da Marinha na suposta conspiração golpista. Já os advogados dos generais Paulo Sérgio Nogueira (19 anos de prisão) e Augusto Heleno (ainda sem manifestação oficial) também estudam medidas para revisão das condenações.
Enquanto isso, a defesa de Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada com pena de dois anos, não pretende recorrer.
Próximos Passos no Supremo
Atualmente, a Primeira Turma do STF está incompleta, com quatro ministros após a transferência de Luiz Cruz para a Segunda Turma. Mesmo assim, o grupo pode deliberar normalmente.
O ministro Alexandre de Moraes pode solicitar ao presidente da Primeira Turma, Flávio Dino, que agende o julgamento dos embargos de declaração. Ainda não há data definida para a análise.
Conclusão
Os embargos de declaração apresentados pelas defesas de Bolsonaro e de seus ex-ministros buscam reverter ou reduzir penas com base em alegadas contradições, omissões e falhas processuais.
Enquanto o STF analisa os pedidos, o caso continua gerando forte repercussão política e jurídica em todo o país.
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