Os orelhões, lembranças marcantes da comunicação nas cidades do Brasil desde os anos 70, estão sumindo das nossas vistas. Esse objeto, que fez parte da vida de muita gente, nasceu para dar um jeito de as pessoas se comunicarem de forma pública, particular e que todos pudessem usar, antes dos celulares virarem febre. Mas a tecnologia foi ficando mais moderna, a sociedade mudou e a grana ficou curta, o que fez com que eles quase sumissem das cidades.
A História do Orelhão no Brasil
Quem criou o orelhão foi Chu Ming Silveira, uma arquiteta chinesa que morava no Brasil e era a chefe dos projetos da Companhia Telefônica Brasileira (CTB). Em 1971, ela inventou um telefone para o público que protegia do barulho, aguentava o clima e tinha um jeito de deixar as pessoas mais à vontade, chamado de Chu II. O primeiro orelhão apareceu no Rio de Janeiro em 20 de janeiro de 1972, e em São Paulo cinco dias depois. Por ser feito de fibra de vidro e ter cores fortes, ele virou um símbolo das cidades.
Numa época em que ter telefone em casa era caro e difícil, os orelhões deram a chance de mais gente se comunicar. Eles estavam em praças, rodoviárias, escolas e em cada esquina do país. Os cartões telefônicos, que entraram no lugar das fichas, viraram até coisa de colecionador.
O Começo do Fim
Com a chegada dos celulares nos anos 2000, a história dos orelhões começou a mudar. Os celulares foram ficando cada vez melhores e mais acessíveis — ainda mais com os planos pré-pagos, que deixavam as ligações mais baratas e permitiam usar aplicativos de mensagem depois.
Em pouco tempo, o telefone público não servia mais para o que foi criado. Em 2014, existiam uns 900 mil orelhões no Brasil, segundo a Anatel. Em 2022, esse número caiu para menos de 50 mil, e a maioria deles nem funcionava mais.
Custos e Cuidados Impossíveis
Outra coisa que ajudou a acabar com os orelhões foi o preço para cuidar deles. As empresas que cuidavam dos orelhões diziam que estavam perdendo dinheiro por causa de gente que quebrava, roubava os fios e porque quase ninguém usava mais. Em várias cidades, os orelhões quebrados viraram lixões ou lugares para pichar.
A Anatel, vendo que a situação tinha mudado, deixou as regras mais fáceis, permitindo que as empresas de telefonia trocassem alguns orelhões por pontos de Wi-Fi de graça — uma forma de dar uma modernizada na ideia de acesso à comunicação.
A era digital
Com a expansão da internet nos celulares e a ascensão de apps de mensagens (tipo WhatsApp e Telegram), as ligações por telefone se tornaram bem menos comuns. Hoje, a comunicação é muito mais do que só voz: fotos, vídeos, videochamadas e redes sociais revolucionaram a maneira como os brasileiros se conectam.
O orelhão, que representava avanço, perdeu espaço com essa mudança digital.
O presente
Ainda existem orelhões em algumas cidades, preservados como parte da história e da cultura, restaurados para atrair turistas ou como enfeites. Em São Paulo, por exemplo, algumas obras de arte usam a forma tradicional do orelhão. Mas, quase ninguém usa para telefonar.
Considerações finais
O sumiço dos orelhões mostra a mudança tecnológica e social no Brasil. Eles foram importantes por muitos anos, permitindo que milhões de pessoas se comunicassem em um país enorme. Hoje, são um símbolo nostálgico de uma época antiga — uma memória de quando, para falar com alguém, era preciso sair de casa e procurar um telefone na rua.

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